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22/04/2020
Sindicato
Petróleo fecha abaixo de US$ 0 pela 1ª vez. Produtores pagam para se desfazer do produto
A cotação do barril de petróleo do tipo WTI, referência no mercado americano, fechou no US $37,63 negativos, pela primeira vez na História. Efeito da pandemia, a procura pela commodity caiu tanto que não há mais espaço paraarmazenamento. Para analistas, projetos de investimento no Brasil devem ser afetados.
Depois dos juros negativos, preços abaixo de zero para amais importante das commodities entra mago rapara o folclore das grandes recessões. A cotação do barril de petróleo do tipo WTI (WestT ex as Interme diate), referência do mercado americano, fechou ontem em terreno negativo pela primeira vez na História, com a pandemia deprimindo a atividad eeconômica e provocando excesso de oferta aponto de não haver mais espaço físico para armazenara commodity. Os produtores americanos preferem, na prática, pagar para comprarem sua produção no curto prazo, o que acionou o alarme para a indústria de petróleo em todo o mundo.
Negociado porme iodecada um comum prazo de entrega do produto, o barril do WTI que terminou a sessão no vermelho foi o de mais curto prazo, para entrega em maio. O contrato, que havia começado o dia valendo US$ 18,27, encerrou a US$ 37,63 negativos. No pior momento do pregão, chegou a valer US$ 40,32 negativos.
Segundo analistas, os investidores fugiram do contrato de maio porque ele será o mais impactado pela quarentena, que faz despencar a demanda dos americanos por derivados de petróleo. Tanto que o contrato para entrega em junho fechou valendo US$ 20,43. Além disso, o contrato de maio vence hoje, adicionando urgência à venda.
"As consequências da queda da demanda colocaram uma aversão permanente a qualquer um que possua petróleo no curto prazo", explicou, em relatório, Edward Moya, analista da corretora Oanda.
Mas o fosso entre os dois contratos também mostra como o coronavírus já faz com que a indústria petrolífera americana, que se tornou a maior do mundo, esbarre em seus limites físicos.
Os contratos futuros do W TI são convertidos em petróleo de verdade na cidade de Cushing, Oklahoma, onde fica um hub de armazenagem. Coma demanda deprimida, a capacidade dos tanques se esgota rapidamente. Há um mês, metade do espaço ainda estava livre; hoje, o percentual é de apenas 31%. Os especialistas preveem que não caberá mais petróleo em Cushing daqui
a poucas semanas. Assim, quem tem petróleo para vender hoje prefere, na prática, pagar alguém para levá-lo do que não ter onde armazená-lo.
— Diferentemente do barril do tipo Brent, o WTI é produzido em terra e tem escoamento mais difícil em tempos de quarentena — destacou Ricardo Kazan, sócio e gestor da Novus Capital.
Referência internacional, inclusive para a Petrobras, o Brent é produzido no Mar do Norte, permitindo aos traders movimentar o estoque por vias marítimas, enviando a commodity para onde houver maior demanda e capacidade de armazenamento disponível. Sem enfrentar a restrição de estocagem do WTI, o Brent caiu 9% ontem, negociado a US$ 25,57.
— Na região onde o Brent é referência, além de o escoamento ser pelo mar, há maior proximidade com países como Índia e China, cujas restrições são menos intensas que a dos EUA, novo epicentro da Covid-19 —disse Ilan Arbetman, da Ativa Investimentos.
Mas o coronavírus provoca uma disrupção global no mercado de petróleo, com a demanda pela commodity no mundo 30% abaixo da média. Na semana passada, em acordo histórico, a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), a Rússia e outros produtores concordaram em cortar a oferta em 9,7 milhões de barris por dia. O acordo foi apoiado pelo presidente dos EUA, Donald Trump, preocupado com os efeitos da queda livre das cotações na indústria americana. Mas o corte só começará em maio e representa uma diminuição de apenas 10% na produção internacional —um terço do necessário para compensar o recuo da demanda.
DÓLAR VAI A R$ 5,30
Em coletiva de imprensa ontem, Trump, afirmou que considerava aproveitar a queda do petróleo para "completar" a reserva estratégica de emergência do país com mais 75 milhões de barris. Trump também atribuiu à especulação financeira a cotação negativa do WTI e disse que iria avaliar a proposta de um senador para bloquear a importação de petróleo saudita para os EUA.
O derretimento do petróleo provocou tombos entre as ações de petroleiras americanas, como Exxon Mobil (queda de 4,72%) e Chevron (4,13%), fazendo o índice Dow Jones cair 2,44%. O S&P 500 e Nasdaq perderam, respectivamente, 1,79% e 1,03%. Os investidores buscaram proteção no dólar, que fechou em alta de 1,33%, a R$ 5,307.
Na Bolsa brasileira, porém, o impacto foi pouco sentido. O Ibovespa terminou estável, aos 78.972 pontos, apesar de um recuo de 1,12% nas ações preferenciais (PN, sem voto) da Petrobras.