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31/07/2023 Dinheiro

Etanol ganha competitividade na 1ª quinzena de julho

A moagem de cana-de-açúcar na primeira quinzena de julho registrou crescimento de 4,21%, na comparação com o mesmo período do ciclo passado. Foram processadas 48,37 milhões de toneladas contra 46,42 milhões. No acumulado da safra 23/24, a moagem atingiu 258,25 milhões de toneladas, ante 234,56 milhões de toneladas registradas no mesmo período no ciclo 22/23 – avanço de 10,10%.

Em junho, dados do benchmarking agronômico do Centro de Tecnologia Canavieira (CTC) apontam que o rendimento agrícola registra crescimento de 17% ante o mesmo mês do ano anterior – 88,3 ton/ha versus 75,5 ton/ha. A despeito do excelente resultado, há de se evidenciar a alta participação de canaviais mais jovens nesse indicador até o atual momento da safra. Em especial, a representatividade elevada de cana de 18 meses comparado ao histórico recente. Com o esvaziamento dessas áreas devido à colheita, e a sua subsequente queda na participação no indicador, é provável que os ganhos de produtividade sejam mais moderados nos meses que seguem.

Uma unidade deu início à safra 23/24 na primeira quinzena de julho. Atualmente, 260 unidades estão em operação no Centro-Sul, sendo 243 unidades com processamento de cana, sete empresas que fabricam etanol a partir do milho e nove usinas flex. No mesmo período, na safra 22/23, havia 258 unidades produtoras em atividade.

No que condiz à qualidade da matéria-prima, o nível de Açúcares Totais Recuperáveis (ATR) registrado na primeira quinzena de julho foi de 140,58 kg por tonelada de cana-de-açúcar, contra 142,99 kg por tonelada na safra 22/23 – variação negativa de 1,69%. No acumulado da safra, o indicador marca o valor de 130,60 kg de ATR por tonelada (+0,12%).

Produção de açúcar e etanol
A produção de açúcar na primeira quinzena de julho totalizou 3,24 milhões de toneladas. Essa quantidade, quando comparada àquela registrada na safra 22/23 de 2,98 milhões de toneladas, representa aumento de 8,86%. No acumulado desde 1º de abril, a fabricação do adoçante totaliza 15,47 milhões de toneladas, contra 12,69 milhões de toneladas do ciclo anterior (+21,88%). Mais de 50% do ATR processado na quinzena foi destinado à fabricação de açúcar. Novamente, o valor toca a fronteira de produção possível do produto e a produção passa a ser limitada pela quantidade de sacarose presente no caldo, contabilizada pelo ATR.

Na primeira metade de julho, 2,26 bilhões de litros (+1,36%) de etanol foram fabricados pelas unidades do Centro-Sul. Do volume total produzido, o etanol hidratado alcançou 1,30 bilhão de litros (+1,15%), enquanto a produção de etanol anidro totalizou 964,41 milhões de litros (+1,64%). No acumulado desde o início do atual ciclo agrícola até 16 de julho, a fabricação do biocombustível total foi 11,95 bilhões de litros (+5,96%), sendo 6,83 bilhões de etanol hidratado (-3,91%) e 5,12 bilhões de anidro (+22,77%).

Do total de etanol obtido na primeira quinzena de julho, 12% foram fabricados a partir do milho, registrando produção de 268,41 milhões de litros neste ano, contra 172,49 milhões de litros no mesmo período do ciclo 22/23 – aumento de 55,61%. No acumulado desde o início da safra, a produção de etanol de milho atingiu 1,70 bilhão de litros – avanço de 50,14% na comparação com igual período do ano passado.

Vendas de etanol
Na primeira quinzena de julho, as vendas de etanol totalizaram 1,15 bilhão de litros, o que representa uma variação negativa de 7,38% em relação ao mesmo período da safra 22/23. O volume comercializado de etanol anidro no período foi de 549 milhões de litros – um avanço de 16,57% – enquanto o etanol hidratado, em movimento retrativo, registrou venda de 595,46 milhões de litros – queda de 22,16%.

Observando os movimentos ocorridos a fim de atender ao mercado doméstico, o volume de etanol hidratado interrompeu, o que parecia ser na última quinzena, uma recuperação. O volume comercializado de 561,04 milhões de litros ficou bastante aquém da saída registrada na safra 2022/2023, representando uma queda de 24,97%. Tal resultado é uma conjunção entre a queda no consumo de Ciclo Otto no mês de julho – sazonalmente mais baixo devido às férias escolares – e a maior aquisição das distribuidoras na segunda metade de junho, que garantiu certo conforto aos estoques das empresas.

Todavia, cabe destacar que os ganhos de competitividade recentes do biocombustível, observados nas pesquisas semanais de preços divulgadas pela ANP, não parecem estar surtindo efeito no consumo, por hora. Dados da última semana (16 a 22/07) indicam que 51% do mercado consumidor de combustível estão com uma paridade atrativa.

Em SP, 92% dos municípios amostrados estão com paridade convidativa para o consumidor, cuja diferença média dos preços foi de R$ 1,80 entre a gasolina e o etanol. Também se observa competividade para o biocombustível em 50%, 82% e 100% dos municípios de MG, GO e MT, respectivamente. Nessas unidades federativas, o etanol hidratado se encontrava a R$ 1,65, R$1,80 e R$ 2,10 mais barato do que a gasolina na semana passada. A evidência que se manifesta por meio dos dados indica que, nas condições atuais, a não preferência pelo etanol fará o consumidor incorrer em uma perda financeira ao optar pelo concorrente fóssil.

No que diz respeito ao etanol anidro, este segue na contramão do hidratado com as vendas se mantendo robustas desde o início do atual ciclo de colheita. A venda do aditivo atingiu a marca de 495,76 milhões de litros, o que representa um crescimento de 6,90%.

No acumulado da safra 23/24, a comercialização de etanol soma 8,21 bilhões de litros, o que representa uma queda de 0,87%. O álcool hidratado compreende uma venda no volume de 4,54 bilhões de litros (-10,80%), enquanto o anidro de 3,67 bilhões (+14,94%).

Mercado de CBios
Dados da B3 registrados até o dia 21 de julho indicam a emissão de 17,79 milhões de CBios em 2023. Até a data supracitada, a parte obrigada do programa RenovaBio havia adquirido cerca de 51,92 milhões de créditos de descarbonização. Esse valor considera o estoque de passagem da parte obrigada em 2021 somada com os créditos adquiridos em 2022 e 2023, até o momento, estejam eles ativos ou aposentados. O horizonte temporal selecionado cobre as aquisições que compreenderão os créditos utilizados para atendimento das metas de 2022, cujo prazo havia sido postergado, e 2023.

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